Ano do Laicato

Notícias paroquiais

O que significa viver o ANO DO LAICATO? O que representa isso em nossas vidas paroquiais?

 


 

A Igreja no Brasil estabeleceu o período de 26 de novembro de 2017 à 25 de novembro de 2018, Solenidade de Cristo Rei, o ano do laicato, para que todas as comunidades possam meditar e vivenciar as propostas que o tema apresenta.

            Mas poderíamos fazer o seguinte questionamento aos paroquianos de nossas Paróquias pelo Brasil a fora, o que significa viver o ANO DO LAICATO? O que representa isso em nossas vidas paroquiais?

            Antes de mais nada é necessário que cada um de nós, tenhamos um entendimento melhor do sentido da palavra “LEIGO”, porque na Igreja, toda pessoa que não pertence ao Clero “bispo, presbítero ou diácono”, seja um religioso de alguma Ordem Religiosa, é um leigo, e essa palavra pode ser mal interpretada na sociedade atual, pois assim é definido a palavra LEIGO em nossa língua portuguesa: “Que ou quem não tem conhecimentos especializados em determinada área (ex.: sou leigo na matéria). = DESCONHECEDOR, IGNORANTE”

            A Igreja Católica é hierárquica, mas também é preciso compreender que essa hierarquia na Igreja não tem o mesmo sentido que a hierarquia da sociedade, onde aquele que ocupa uma posição mais alta na hierarquia é aquele que tem poderes supremos sobre os seus subordinados e é servido por eles, na Igreja, quanto mais se chega a um grau na hierarquia, mais se coloca a serviço dos demais, Jesus assim ensinou ao lavar os pés dos seus apóstolos: “Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa e perguntou-lhes: ‘Sabeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós’.” Jo 13, 12-15.

            Seguindo esse exemplo de Jesus, os Papas se definem com o “servo dos servos de Deus”, podemos achar essa definição na abertura do Catecismo da Igreja Católica, “JOÃO PAULO II, BISPO SERVO DOS SERVOS DE DEUS PARA PERPÉTUA MEMÓRIA”.

            Ao compreender tudo isso, pode se pensar duas coisas a respeito de ser leigo, que nós, leigos da Igreja, ou não sabemos nada de Igreja e somos apenas plateia que vai à Igreja para “assistir à Missa”, ou somos senhores soberanos que devem ser servidos pelo clero.

            A missão do leigo, fiel batizado, tem o seu valor único, e infelizmente muitas vezes não é desempenhada porque na Igreja encontramos fiéis leigos que acabem pensando que realmente não são importantes para a Igreja, e que apenas cumprem sua obrigação social ao ir “assistir Missa” e não entendem que precisam participar da Missa, o ápice da fé católica, onde se vive o Sacrifício de Cristo na cruz para nos salvar, e que todos tem sua missão antes, durante e depois da Santa Missa.

            A CNBB publicou o documento 105 “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade”, com o lema “sal da terra e luz do mundo”, para que os fiéis leigos e leigas aprendam mais de sua importância na Igreja, e que são essenciais para que a Palavra de Deus chegue a todas as pessoas.

            Todos na Igreja tem sua missão, e nem o leigo pode fazer o papel do clero, como tão pouco o clero deve desempenhar o papel do leigo, assim diz o nº 8 do documento 105 em sua introdução “Assim com o leigo não pode substituir o pastor, o pastor não pode substituir os leigos e leigas no que lhes compete por vocação e missão. Além disso, a ação dos cristãos leigos e leigas não se limita à suplência em situação de emergência e de necessidades crônicas da pastoral e da vida da Igreja. É uma ação específica da ‘responsabilidade laical que nasce do Batismo e da Confirmação’.”

            O papel dos leigos na Igreja sempre esteve presente, desde as primeiras comunidades, mas de maneira especial com o Concílio Vaticano II, a Igreja tem procurado valorizar ainda mais o trabalho dos fiéis leigos no seio da Igreja, tanto que, nos dias atuais encontramos cada vez mais leigos atuando em pastorais, conselhos de suas paróquias, catequistas, dentre tantos trabalhos pastorais existente na Igreja, mas é preciso compreender que o principal trabalho de todos os membros da Igreja, leigos e cléricos, é procurar levar a pessoa de Jesus Cristo a todo o irmão mais necessitado que encontrarmos em nossos caminhos.

            O nº 214 do documento 105 ensina: “A partir de carismas no seio do povo de Deus nasceram, como frutos do Concílio Vaticano II, novos movimentos, novas comunidades e associações de leigos, serviços e pastorais. São dons do Espírito para a Igreja e o mundo.”

            Mas para bem desempenhar a missão que o leigo tem na Igreja, é preciso que busque cada dia mais ler os documentos da Igreja, viver atuante em sua comunidade, e que dentro de nossas comunidades não haja competições, mas sim esforços para que cada um, na vocação à qual foi chamado por Deus, ajude a implantação do Reino de Deus, se doando aos irmãos mais necessitados, aprendendo e conhecendo a própria Liturgia para bem viver os sacramentos, que são meios para se alcançar a Salvação que Cristo conquistou por meio da Cruz.  

            O sal é o que dá sabor aos alimentos, a luz é que ilumina os caminhos, e quando os leigos são chamados a ser sal e luz, significa que possuem uma missão impar na vida eclesial, pois o padre não pode chegar em todos os lugares, quantas pessoas enfermas que não podem receber a visita do sacerdote, mas recebe a visita de um leigo para lhe levar a sagrada Comunhão e uma palavra de vida, é a presença da Igreja através dos leigos.

            Nos meio da sociedade onde o padre não pode estar presente, é o leigo que deve anunciar o Evangelho por meio do seu testemunho, nas famílias, na educação dos filhos, são os leigos que desempenham o seu papel na criação dos filhos e educando-os no caminho da fé, onde o lar, Igreja doméstica, é o primeiro local onde se inicia a vida religiosa de cada pessoa.

            Por isso, devemos todos os dias, pedir ao Senhor Jesus, que nos ajude a viver cada dia por meio de nosso testemunho, um constante trabalho de evangelização, para sermos verdadeiramente sal da terra e luz do mundo, e assim, as pessoas que ainda não conhecem Jesus, sintam o desejo de se aproximar do Senhor.

Rodrigo do Nascimento Ribeiro

Paroquiano do Santuário Diocesano Nossa Senhora de Fátima de Dracena.